O primeiro turno da eleição para presidente finalizou com Dilma Rousseff (PT) em primeiro lugar com 47,7 milhões de votos, seguida por José Serra, com 33,1 milhões e Marina, com 19,6 milhões.
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Faltaram aproximadamente 3,15 milhões de votos para que a candidata petista fosse eleita presidente ainda no primeiro turno. Representam os tais 3,1% que Dilma possuía até a semana passada, segundo todos os quatro institutos de pesquisa que divulgaram seus levantamentos de intenção de voto.
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Entre as principais hipóteses relativas ao destino destes votos perdidos pela candidata de Lula, está Marina, que, ao contrário da petista, obteve mais votos do que sonhavam os institutos.
Esta teoria acaba sendo reforçada pela coincidência de Marina ter crescido praticamente o mesmo percentual perdido pela petista, daí a força da hipotética transferência direta dos votos.
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Para este analista, no entanto, o quadro é um pouco mais complexo.
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Creio que a transposição direta dos votos de Dilma para Marina seja uma meia-verdade ou, para ser mais exato, um terço de verdade. Estimo que ela represente pouco mais de 1 milhão de votos.
Para onde foram os outros 2 milhões então, reclamam os atentos leitores, e de onde surgiram os outros votos de Marina, completam os mais rigorosos. Vou tentar explicar e defender minha tese.
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As últimas pesquisas apontavam, em média, cerca de 5% de indecisos. Para efetuar o cálculo dos votos válidos, os institutos somavam 47% destes para a candidata petista, o que representava um acréscimo de aproximadamente 2,4 pontos percentuais ou 2,5 milhões de votos.
Suspeito que os indecisos não foram tão generosos com Dilma, muito pelo contrário. Deste cálculo imponderável saíram mais 1 milhão de votos da pré-conta da candidata governista e foram engordar, especialmente, os votos válidos verdes.
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Os leitores com seus sorrisos matreiros no canto dos lábios estão prontos para argumentar que estes também eram votos de Dilma transferidos diretamente para Marina.
Me perdoem por discordar. Eles não configuravam como eleitores com a intenção expressa de votar em Dilma. Eram indecisos cujos votos foram distribuídos pelos institutos de forma proporcional às intenções de voto de cada candidato naquele momento (o que é estatisticamente correto nestes casos, diga-se de passagem, mas não necessariamente reproduzem a realidade).
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Bem, mas nesta suposta conta ainda faltam 1 milhão de votos perdidos pela petista, me avisam meus inteligentes leitores. Para explicar estes, reservei os nulos e as abstenções.
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Retorno novamente às últimas pesquisas para lembrá-los que o índice de votos brancos/nulos perfazia, em média, 3%. O resultado encontrado nas urnas foi muito diferente, 8,6%.
Aqui as pesquisas não estavam equivocadas, são os erros dos eleitores (especialmente os menos instruídos e os de mais idade, embora não apenas eles) na frente das urnas eletrônicas que geram esta diferença imponderável.
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Mas porque isso afetaria mais os eleitores de Dilma, reclamam os leitores sem muita paciência.
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Na verdade não são propriamente os eleitores da candidata petista. Na eleição para governador em São Paulo, por exemplo, foram os eleitores tucanos de Alckmin os mais afetados.
O fenômeno, já diagnosticado em outras eleições, afeta mais os que estão muito à frente nas pesquisas de intenção de voto, pois não estariam largamente na frente se não carregassem um maior contingente de eleitores com menor grau de instrução, já que estes formam a maioria da população eleitoral brasileira.
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Para encerrar, lembro que o raciocínio acima vale também para uma boa parcela dos que se abstiveram de votar. Neste primeiro turno eles representaram nada menos que 24,6 milhões.
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Agradeço a paciência de vocês e espero ter contribuído um pouco para a compreensão dos fatos ocorridos neste primeiro turno. Agora só nos resta aguardar por mais pesquisas e pelo definitivo segundo turno.
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Os três gráficos abaixo representam os resultados completos da eleição para presidente, em seu primeiro turno.
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